História do Tai Chi

Admite-se que o tai chi chuan (taijiquan, segundo a nova nomenclatura) tenha sido desenvolvido por monges taoistas. Esses monges tinham como objetivos principais a busca da tranquilidade da mente e da ação em harmonia com a natureza. Para atingirem seus objetivos, procuraram condições favoráveis em longínquas regiões montanhosas da China, onde não seriam alcançados pelas perturbações cotidianas como o intenso burburinho e agitação das cidades e onde estariam expostos às intempéries, à dificuldade de conseguir alimentos, aos animais selvagens e até mesmo aos salteadores. Assim, esta arte marcial teria sido desenvolvida não apenas para melhorar a saúde dos praticantes, mas também para capacitá-los a se defender e, com isso, ampliar seus poderes de meditação.

A tradição oral também atribui ao taoista Zhang San-Feng (1127-1279) a criação do taijiquan. Zhang San-Feng, que vivia no monte Wudang, ao observar a luta entre uma gralha e uma serpente, inspirou-se nos gestos suaves, curvilíneos e harmoniosos dos combatentes, para formar a base dos movimentos do taijiquan.

A documentação escrita só apareceu no fim do século XIX e atesta que a escola da família Chen (século XVII) foi, se não a criadora, pelo menos a que deu ao taijiquan a forma como modernamente ele se tornou conhecido.

Chen Wang-Ting, responsável pela criação, desenvolvimento e transmissão do taijiquan, nasceu no fim da Dinastia Ming. Serviu à corte imperial como militar a partir de 1618, nas províncias de Shandong, Zheli e Liaodong. Após a queda da Dinastia Ming, em 1644, Cheng Wan-ting, já idoso, retirou-se para Chenjiagou, distrito de Wen, província de Henam, ao norte do Rio Amarelo. Aí teria criado o taijiquan.

Um descendente de Wang-Ting, chamado Chen Chang-Xing (1771-1853) desempenhou um papel importante na tradição do taijiquan porque teve muitos discípulos e porque foi a partir dele que a arte se expandiu além da família Chen.

Se a família Chen foi a criadora, a família Yang foi a principal propagadora do taijiquan, graças a Yang Lu-Chan, discípulo de Chen Chang-Xing. Yang Lu-Chan (1789-1872), nasceu no distrito de Yangnian, na província de Hebei. Após a morte de seu pai, viu-se obrigado a ingressar nas milícias da aldeia para sobreviver.

A conselho de seu primeiro mestre, Yang Lu-Chan dirigiu-se à cidade de Chen Jia-Gou para aprender o tai chi chuan na família de Chen Chang-Xing. Após trabalhar vários anos como seviçal da casa, finalmente conseguiu que Chen Chang-Xing lhe ensinasse a arte. Quando voltou para sua aldeia em Hebei, começou a ensinar.

Mais tarde, Yang Lu-Chan mudou-se para Beijing (Pequim), onde fundou uma escola. Ensinou no exército dos Manchus e consagrou-se como mestre de taijiquan, juntamente com seus três filhos: Yang Ban-Hou, que se especializou no estilo pequeno, de movimentos curtos; Yang Feng-Hou, que desenvolveu o estilo grande, de movimentos longos; e Yang Jian-Hou, que aprimorou o estilo médio.

Yang Cheng-Fu (1883-1936), filho de Yang Jian-Hou, foi o propagador do taijiquan em toda a China. O próprio Yang Lu-Chan aceitou Wu Quan-You como discípulo e ordenou que seu filho Yang Ban-Hou também o ensinasse.

Wu Quan-You foi o fundador da escola Wu, embora não possuísse uma academia . Foi seu filho Wu Jian-Quan quem abriu a primeira academia de taijiquan da família Wu.

O filho de Wu Jian-Quan, que se chamava Wu Gong-Yi, aceitou como aluno Moy Gin Ying, o atual professor Wong (Wong Sun-Kueng) e ordenou que seu filho Wu Da-Kui acompanhasse seu aprendizado. O mestre Wong ensina atualmente na Academia Wong de Tai Chi Chuan.